domingo, 4 de abril de 2010

2º Filme - O Eclipse (Michelangelo Antonioni)



Informações Técnicas:
Ano: 1962
País: França, Itália
Gênero: Drama

Direção: Michelangelo Antonioni.
Roteiro: Michelangelo Antonioni.
Produção: Raymond Hakim, Robert Hakim.
Música: Giovanni Fusco.
Fotografia: Gianni Di Venanzo.
Edição: Eraldo Da Roma.
Elenco: Alain Delon, Monica Vitti, Francisco Rabal, Louis Seigner, Lilla Brignone, Rosanna Rory, Mirella Ricciardi, Cyrus Elias

Após passar a noite discutindo, Vittoria (Monica Vitti) rompe com Riccardo (Francisco Rabal), seu namorado. Ao ir se encontrar com a mãe (Lilla Brignone) na Bolsa de Valores, Vittoria conhece Piero (Alain Delon), um jovem e elegante corretor da bolsa. Ele é um sedutor, mas ela resiste no início. Gradativamente Vittoria vai se apaixonando.
Ela, no entanto, passa a viver com o ambicioso e determinado Piero uma relação na qual o tédio permanece. Piero representa no filme o homem moderno em sua vacuidade de espírito, enquanto Vittoria faz a mulher moderna volátil e indecisa.
Esse filme é a última parte da "trilogia da incomunicabilidade", do qual fazem parte os filmes “A Aventura” e “A Noite”, O Eclipse reúne a forma como Antonioni vê o mundo e assim o representa. O filme reafirma, sobretudo, o cansaço do amor como uma doença própria da sociedade moderna, já mostrado nas outras duas partes da trilogia.


“Gostaria de não amá-lo ou amá-lo muito mais”, afirma a personagem de Mônica Vitti desta misteriosa apoteose de sensações catalisada por Michelangelo Antonioni.
Em O Eclipse, Antonioni novamente interrelaciona os principais elementos básicos do cinema, a temática e a decupagem, para dar continuidade ao seu infinito discurso sobre o tédio do homem contemporâneo, sufocado pela rotina e pelas enormes construções de concreto, que canalizam seus espaços de fuga para o próprio interior. A visão, agora, é atirada sobre o amor, ou melhor, os relacionamentos amorosos, nada além de um processo de repetição contínua e irredutível, diante da interferência direta do mundo modernizado.
Um amor exausto, irrenovável, que não permite espaço ao que ainda não fora contagiado pela mesmice e pela imensurável distância de espírito entre o homem e o mundo.
Todo o tédio, a longa espera por algo que parece jamais chegar, é transposto para a estrutura narrativa, prolongando a cada momento a sensação de que a obra terá um fim. Porque o fim, na realidade, não deixa de ser o próprio começo. O mundo já está morto. Os meios não mais justificam nada. O desconforto encobre tudo. Amor. Desejo. Felicidade. Os sentimentos foram enterrados. A vida avança se renova, mas permanece a mesma. A sensação de cansaço parece não sumir jamais. E nada mais coerente do que concluir o inconclusível com o silêncio; o vazio; o desconforto; a incerteza; o desolamento; a frieza. Ou, quem sabe, simplesmente, a inconclusão.Porque não seria exagero algum afirmar que o final de O Eclipse, no qual Antonioni elimina os personagens de cena para fotografar pequenos cantos vazios da cidade, vagando sem rumo com sua câmera densa, inquieta, através de esgotos, sarjetas e construções incompletas, e terminando o desfecho com a imagem do sol se apagando para dar espaço às luzes da cidade, é o melhor, mais simbólico, representativo e impressionante de todo o cinema. Porque o eclipse, período durante o qual o mundo pára, estagna, foi transportado da natureza para a sociedade contemporânea, através da automatização das relações humanas. E o alvo do encobrimento, desta forma, são os próprios sentimentos.

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